quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

No fim das contas, tudo se resume a isto: a maneira como escolhemos nos ver limita quem podemos chegar a ser. Saia da caixa e você pode aprender algo. Porque somos mais capazes do que imaginamos. Porque todos podemos fazer coisas que nunca fizemos antes. Porque as vezes, podemos surpreender até a nós mesmos.
Chega um dia que, de repente, nos damos conta de que o controle que procuramos sempre ficará fora do nosso alcance. Para alguns, é uma descoberta assustadora, enquanto que para outros é estranhamente libertador. Se a única pessoa que posso controlar sou eu, isso quer dizer que estou fora do alcance das outras 6 bilhões de almas que estão trilhando esse mundo louco.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Todos tem seu próprio caminho. Alguns estão apenas começando. Enquanto outros terminam muito cedo. No entanto, o fato é, o caminho que você está, as escolhas que você faz, definem quem você é. Escolhas, são as colunas de nossas vidas. Elas formam nosso passado, presente e futuro, e apesar de todos erros que fiz, todo novo dia traz consigo novas escolhas e todo um novo mundo de possibilidades.

sábado, 3 de dezembro de 2011


"Ai de mim!", disse o rato, – "O mundo vai ficando dia a dia mais estreito, outrora, eu era tão grande que ganhei medo e corri, corri até que finalmente fiquei contente por ver aparecerem muros de ambos os lados do horizonte, mas estes altos muros correm tão rapidamente um ao encontro do outro que estou já no fim do percurso, vendo ao fundo a ratoeira em que irei cair".
–“Mas o que tens a fazer é mudar de direção", disse o gato, devorando-o.
(Franz Kafka)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sempre fiz questão de agradecer pela vida, todas as noites e manhãs .. até mesmo quando estive no fundo do poço! Talvez a minha maior recompensa tenha estado todo o tempo aqui, bem na minha cara .. que é viver e poder me descepcionar com os outros antes de descepcioná-los! Eu sei que quando me machuco volto mais forte, e sem a chance de me machucar novamente... forte o suficiente para não usar o mesmo truque como vingança, porque a vingança é a vida, a vida sempre se vingará dos que não sabem viver e agradecer por estar vivo! Porque eu me magoar não, este não é o problema! O problema é ver que os outros se importam mais em magoar os outros do que cuidar das próprias feridas .. e feridas que não se tratam .. sempre deixarão cicatrizes no futuro!

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Não é fácil negar o que se quer, quando se tem o que precisa. A solidão faz de mim uma pessoa sem desejos, onde o que tenho é presente, o que ganho é lucro e nada tenho a perder. Sou a única coisa que tenho, e a única que quero ter. E no fim das contas, morrerei com a certeza de que realizei meus desejos, ou ao menos tentei, e não com a culpa de ter fracassado com os desejos de outras pessoas. Me conquistar não é difícil, basta nunca se entregar a mim!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Meses se passaram desde a ultima vez que ficamos juntos, muita coisa mudou. Ainda me lembro do seu cheiro, e as vezes chego a senti-lo em minhas roupas, talvez seu perfume ainda esteja gravado nelas, ou talvez seja simplesmente um sinal de que meu inconsciente ainda está preso à você. Lembro-me de como comecei a gostar de você, sinto saudade. Tanta inocência ao te chamar de meu amigo, mas no fundo todos sabem que nós fomos muito além disso. Passar na sua janela e te gritar. Que inconseqüente o nosso primeiro beijo, me lembro de detalhes deste dia. Estávamos conversando sobre homens, os homens que eu dizia gostar, mas no fundo eu só estava tentando te fazer ciúmes, tentativa mal-sucedida, você chegava a concordar e me dar força, eu não resisti e te beijei. Não me lembro de mais nada deste dia, apenas de sair correndo, e de você me gritar. Foi magnífico! Me lembro das flores que você me mandava, e minha mãe dizia “você não pode deixa-las a vida toda aí”, mas o que fazer? Foi você quem me deu, eu simplesmente não podia jogar fora, elas eram uma parte de você. Lembro-me de você me dando aulas de violão, e sempre tocando aquela nossa música para mim, queria ter aprendido a toca-la. Vejo as nossas fotos, não foram muitas, mas jamais serão apagadas. Lembro das nossas brigas, brigávamos por tudo, por todos, as vezes me faltavam argumentos e você sempre tinha razão, eu odiava isto. Vejo as fotos que você sempre tirava de mim dormindo, e sinto que meus sonos nunca mais foram iguais, sempre falta uma parte, um pedaço de mim, que ficou em você. É como você mesmo me disse uma vez “Nós não iremos nos casar, nem ter filhos, isto nós iremos fazer com outra pessoa, mas amar? Isto será um sentimento único nosso, de um pelo outro. Eu te amo”.

domingo, 17 de julho de 2011


Não seja uma mulher fácil, minha filha. Nós crescemos ouvindo isso, não é mesmo? E, como boas meninas, obedecemos. Nos tornamos tão difíceis, mas tão difíceis que nos perdemos até do nosso próprio desejo.Quantas vezes você esteve a fim de um cara, suficientemente a fim para a noite não terminar na porta do seu prédio, mas não o chamou para subir apenas por medo de parecer uma moça fácil? Com medo de ele não te procurar de novo? Com medo do que ele iria pensar de você? Não sei você, mas eu acho que nós estamos vivendo com medo demais.
Então eu tenho boas e más notícias. A má notícia é que você perdeu várias oportunidades de ser feliz, perdeu seu tempo, com essa coisa de ser difícil – difícil, em primeiro lugar, para si mesma. A boa notícia, oba, é que os homens não se importam com o fato de uma mulher transar ou não na primeira noite. Um homem de verdade, que não seja criança nem babaca, não vai te julgar depreciativamente por transar na primeira noite, nem vai deixar de ter algo sério com você baseado na velocidade com que você tirou a roupa.
Meus amigos me juram de pés juntos – não um, não dois, mas vários deles – que se um homem não te procura para uma segunda noite, se ele desaparece, é porque, antes mesmo de transar, ele já não estava muito a fim de você. Não haveria uma segunda noite de qualquer maneira ou, em bom português, ele só estava a fim de dar umazinha. E como é que você vai saber quando a coisa é para valer e quando não é? Aí é que está: você não vai saber. Por isso o único jeito é viver. Se preservar em nome da regra arcaica "não seja uma mulher fácil" só te protege, te afasta e te esconde de uma coisa: do seu próprio desejo.
O termo "dar" às vezes engasga na minha garganta. Tudo bem, eu uso, você usa, todo mundo usa, não sejamos radicais, mas pensando um pouco sobre o seu significado, parece que os homens comem e as mulheres dão, eles ganham e a gente perde. Será que é verdade? Claro que não. Sexo é troca. Ambos dão, ambos recebem, mix total de intenções e braços e pernas. Portanto, não há um conquistador e uma conquistada, um guerreiro e uma vítima, alguém que ganha e alguém que perde. O que há são pessoas adultas que se conhecem, se sentem atraídas uma pela outra e decidem ou não passar aquela primeira noite juntos.
O escritor William Faulkner disse: "Escrever é fácil ou é impossível". Estar com alguém também deveria ser assim: fácil, quando se deseja, impossível, quando não. É válido dar um tempo para conhecer o outro? É bom querer saber onde se está pisando? É útil se certificar de que a experiência não será uma fria completa? Sem dúvida! O que não é válido, nem bom, nem útil é podar seu desejo apenas por medo de ser considerada uma mulher fácil.
Quando minha filhinha crescer, eu já sei o que vou ensinar a ela: meu amor, seja uma mulher fácil. Fácil, em primeiro lugar, para você mesma.
(Stella Florence)

sábado, 2 de julho de 2011

Onze da noite. Toca o telefone. É uma amiga, arrasada depois de levar o fora do namorado...

- Ele parecia uma pedra de gelo, Stella, acabou tudo. Está doendo tanto...
- Ah, querida, não fica assim: você vai superar esse cara, você sabe que vai passar.
Depois de uma hora desligamos. Vesti meias de lã. Tomei um copo de chá. Devolvi os livros para a estante. Guardei a roupa passada. Fiquei assim, indo de um canto para outro sem saber exatamente o que me atormentava. Então, a ficha caiu.
É mentira. A maior mentira que nos contaram - e que nós, piamente, acreditamos - é essa, a de que tudo passa. Nada passa. Passa coisa nenhuma.
A gente aprende a viver com as escaras, aprende a colocar ungüentos nos talhos fundos, conhece outras pessoas que são como bálsamos sobre as nossas feridas, mas elas, as sanguinolentas, as danadas, as malsãs, elas não passam. Uma mulher é uma chaga sempre aberta. Um homem é uma ferida sempre exposta. Nada passa.
Sentimentos? Eles se transformam em outros sentimentos, mas não passam. As pessoas que você amou, nunca te causarão indiferença (indiferença, o oposto do amor), sua única certeza é que você sempre vai sentir algo quando as encontrar – bom ou ruim, muito bom ou muito ruim. As pessoas que te menosprezaram, te usaram ou simplesmente te rejeitaram, continuam, cada qual com sua adaga, perfurando seu amor-próprio, dia após dia, umas mais, outras menos.
Somos todos, homens e mulheres, mestres no fingimento, na dissimulação, no recalque, mas a verdade é que nada passa. Por isso você vê uma mulher histérica ao pegar uma cebola podre no supermercado, por isso você vê o homem agindo como um primata no trânsito, por isso seu chefe estoura sem razão, por isso você teve uma crise de choro durante aquele filme que nem triste era, por isso as pessoas têm chiliques inexplicáveis: porque nada passa e nós precisamos de válvulas de escape.
Fica sempre um pouco de tudo, escreveu Drummond, às vezes um botão, às vezes um rato. Se você me vir tendo um chilique ao pegar uma cebola podre no supermercado, já sabe o que é: são as cócegas malditas dos meus malditos ratos. Porque tudo muda, mas nada, nada passa.

(Stella Florence)

sábado, 18 de junho de 2011


Para que me importar, se o que sinto não basta? Deixo minha mente aberta, esperando que um dia alguém se importe em fechá-la. E assim voltarei a sentir de novo.

domingo, 29 de maio de 2011

"Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente a minha própria vida." 
(Clarice Lispector)

sábado, 14 de maio de 2011

Com o tempo comecei a perder coisas que eram realmente importantes, não só para mim, mas para toda sociedade, perdi coisas que me tornavam um ser humano saudável e até mesmo útil. Perdi toda a pureza, perdi o dom de não me entregar, perdi a minha alimentação, meu café da manhã, perdi até mesmo um pouco do meu caráter, perdi minha total sinceridade. Não que eu sinta prazer em me compartilhar com alguém e mentir para tornar toda a situação uma simples ilusão, tudo não passa de uma ilusão. Eu crio o meu próprio mundo irreal para que não seja necessário acreditar que o real está aí, é real. Nada mudou aparentemente, mas como dormir a noite quando não se tem uma consciência limpa? Passo horas e horas rolando na cama, pensando apenas em como trazer algumas qualidades de volta, mas para isso não basta apenas pensar, é preciso coragem, coragem de mostrar aos outros não apenas a minha verdadeira face, mas também que mesmo depois de anos cometendo erros, eu voltei atrás, voltei com o que parecia não somente incômodo, mas real.

sexta-feira, 22 de abril de 2011


Como é estranho essa coisa de tempo. As pessoas nos pedem um tempo, mas esquecem que nós não o controlamos, alguém pode me pedir um tempo, para esclarecer as idéias ou o que for, e eu cair morta no instante seguinte, por mais macabro que pareça, é real. Então, o que é o tempo? O tempo é apenas uma marcação física, para que as memórias mais importantes possam ser lembradas no papel, com maior precisão. O tempo também pode ser representado como arrependimento, desgosto e vergonha. E também como alegria, realização e orgulho. E é assim que o tempo é interpretado, de maneiras diferentes, para diferentes pessoas. Varia de acordo com a idade, condições financeiras, caráter, gosto, opinião, experiências, mas sempre é diferente. O prazer que eu sinto em gastar o meu tempo aqui escrevendo isto, pode ser inútil para você que está lendo.
Sinceramente, não sei o que me aguarda daqui a alguns anos, ou até minutos, mas sei que o meu tempo é precioso demais para tentar ser interpretado ou previsto. São muitas perguntas, e nenhuma resposta, mas o que não se prevê, não se conclui.

domingo, 3 de abril de 2011

Caleidoscópio.

Hoje pode até parecer um dia comum, nublado, a música toca na rádio como sempre tocou. Mas não para ela. Ela quem? Ela.
Aquela que passou 3 meses tentando tirar alguém da cabeça, e de repente tudo retorna como em um caleidoscópio sem lógica. Aonde encaixar a razão em uma situação como essa? Simplesmente não há mais razão, ela já se entregou. Sem culpar a nada e a ninguém, ela simplesmente se entregou, com livre e espontânea vontade.
Ela pensa “porque eu estou aqui?” e nada vem em sua cabeça, nada além de um: “é exatamente aonde eu quero estar.” O que fazer? O que dizer? O que pensar? Aonde estão as respostas?
Ninguém sabe. Essas coisas não são para se entender, se fossem, não as faríamos. Ela não vê outra opção além de mentir. Ouve um eu te amo, e diz que não. O que ela está fazendo? Não minta para si mesma garota. Diga o que você sente, o que você nunca deixou de sentir, diga. Não! Ela não vai dizer, vai transmitir a ele exatamente o oposto do que está exposto em seus pensamentos.
Mas as coisas são sempre assim, um dia você está disposta a levar um bom relacionamento, está feliz por estar com alguém, e o que acontece? Alguém vem e estraga tudo. Depois de um tempo, que você já aprendeu a se focar em seus objetivos, em você, tudo retorna. A outra pessoa se vê disposta a não cometer os mesmos erros, e você simplesmente não consegue acreditar. Você não consegue pensar em viver tudo de novo. Você quer a pessoa de volta, em corpo, não em atos.
Um dia você acorda e percebe que passar um fim de semana consigo mesma, é muito melhor do que estar com alguém e estar sozinha. Você percebe que sair com seus amigos, é muito melhor do que com os amigos dele, e percebe que não há razão para se estar em um relacionamento por amor, e só! Amor é a conseqüência de uma boa companhia!
É o que acontece em muitos relacionamentos, de semanas, meses ou anos, acontece em casamentos, paixonites, mas sempre acontece! E sempre vai acontecer, até você encontrar alguém que se molde a você, exatamente como você é!

sábado, 26 de março de 2011

Sutilmente, ele pegou nas delicadas mãos dela, e lhe disse:
_ Apenas escute a música, sinta-a. Feche os olhos, e pense, pense em qualquer coisa, sinta todo esse momento em seu pensamento.
Ela não se preocupava com a liberdade de seus pensamentos, não tinha o que temer, estava na presença de uma das poucas pessoas com o qual ela jamais teria um relacionamento.
E então a música começou.
Ele suavemente deslizava as mãos sobre o rosto da garota, entrelaçava os dedos sobre seus cabelos e tentava se controlar da perdição que estava prestes a cometer.
Ela, que antes pensou que esta situação seria apenas uma demonstração de amizade, se pegou imaginando cenas de beijos e romances, pelos quais ela sentia grande rejeição. Talvez por nunca ter sonhado com tais coisas, especialmente com romances proibidos e que nunca dariam certo. Lembrou da pobre Julieta, que morreu por um amor proibido, e do pobre Romeu, que jamais desistira de sua amada.
E então a música parou, e o silêncio tomou conta de todo o ambiente, mas eles pareciam não se importar, ficaram se olhando como se soubessem o que ambos haviam acabado de imaginar.
Ela, sem saber exatamente o que fazer, disse:
_ Isso foi incrível, qualquer mulher neste mundo sonharia em estar com alguém como você...
Neste momento, ele a segurou e não a deixou dizer mais nenhuma palavra, e com as mãos em sua face, lhe deu um beijo.
Não um simples beijo, um beijo que jamais poderia ter acontecido, um beijo proibido, um beijo que representava não só o que ambos sentiam nesse momento, mas uma guerra entre famílias, exatamente como no clássico.

segunda-feira, 21 de março de 2011


A tentativa de aperfeiçoamento pessoal não é a solução. Talvez a solução seja causar o próprio sofrimento, ou tentar ser o pior que pudermos ser. Só assim saberemos o quão superior é nossa força interior. Quanto mais rápida for a superação, mais fortes poderemos ser!

domingo, 20 de março de 2011

Proposta


Ela estava completamente linda. Havia passado 5 horas do seu dia se produzindo fisicamente, e 25 anos de sua vida se produzindo intelectualmente. Tudo para esse encontro. Tudo para esse dia, essas poucas horas, que pareciam ser o começo de um novo caminho, traçado por um corte de cabelo, um vestido de marca, e vários, vários livros.
Então, parada na porta da igreja, ela decide entrar. Tudo parou, todas as pessoas a seguiam com os olhos, e logo adiante ela o avistou, o homem pelo qual ela deixou de ir para a balada com as amigas na faculdade, o homem pelo qual ela se fechou completamente para outros relacionamentos, sim, o mesmo homem que a fez perder noites de sono e dias de paz. Ele estava com os lábios levemente abertos, mas não parecia se importar, seus olhos completamente fixos nela, revelavam todo o amor que ambos sentiam nesse momento.
Ela foi caminhando devagar, cada passo um elogio, “nossa, como ela está linda!”, era o que as pessoas diziam. Ela não se importava nem um pouco com a atmosfera do resto, parecia enxergar apenas uma pessoa, ele!
Então, se posicionando ao altar, eles deram as mãos, e uma suave lágrima correu sobre os olhos de ambos. A música, os convidados, a decoração, tudo parecia se encaixar perfeitamente. Estava tudo perfeito!
Ela não conseguia se fixar a nada, seu pensamento estava preso na cozinha de decoração verde da nova casa, seu novo lar, nos filhos com os olhos azuis herdados dele, imaginou um menino cantando ‘Don’t let me down’ pela casa, imaginou como seriam as férias de agora em diante, e até mesmo como seria viver como um casal que gosta das mesmas músicas, mas não dos mesmos filmes, e indagou se finalmente aprenderia a cozinhar. Pensou em tudo, menos no que o padre dizia. Até que começaram os votos:
_ Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-a e respeitando-a até que a morte os separe?
Ele, entre soluços, diz : _ Sim, eu prometo!
Enquanto o padre repetia o mesmo a ela, ela pensava em outras coisas, pensava se ele prometeria também não ser uma pessoa controladora, e que respeite a individualidade dela, se ele sabia que ela estava com ele por livre e espontânea vontade, se ele seria também seu amigo, se ele seria romântico, sem dupla identidade, se eles formariam um casal maduro, sem cobranças, mas sonhadores, que pensem em ‘nós’, não em ‘eu’ e ‘você’, se ele sentia prazer em estar com ela, e se sentia feliz por ter feito essa escolha, se ele seria gentil, carinhoso e educado, pensou no que eles fariam caso caíssem na rotina, e pensou se ambos seriam os mesmos que eram antes de entrar na igreja. Então ela pensou, ‘ele sempre foi tudo isso, eu confio nele, e confio mais ainda em mim por ter feito essa maravilhosa escolha’
E responde: _ Sim, eu prometo!
O padre, com um leve sorriso no rosto diz:
_Então os declaro, marido e mulher!
Sentindo-se a pessoa mais realizada do mundo, ela pensou “eu os declaro mais que marido e mulher, os declaro maduros”.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Eu olho para você e torço o rosto, você está jogado em um canto qualquer, mas está ali. Remexo as feições, sem reação e sem ter o que pensar, me indagando com que roupa você estaria se fosse menos digno das que usa agora. Sem dizer uma palavra. Você começa a virar idéia. Sem perceber, meu corpo se inclina em sua direção, quase um deslize, uma dança sem coreografia e sem par. Um passo aqui, outro acolá. Instantes depois percebo que estou me aproximando, chego cada vez mais perto, não acho que quero – só acho. Estou tão perto, meus passos me enganam e me vacilam. O gosto da bebida na boca me escapa como todo dinheiro que gastei com ela e então eu olho para você. Não vejo nada, e você não percebe nada, você nem se mexe. Você me lembra o vidro, o que me lembra que posso quebrá-lo em vários pedaços, você vai fazer muito barulho, mas silencia – é conformista e brasileiro. Retiro meus sapatos, e descalça me sinto muito mais apta a dança, me sinto mais vulnerável a você, o seu rosto parece mais discernível em meio a tantos que te rodeiam. Você começa a virar prosa. Eu me sento e reponho meus sapatos, porque é educado e porque uma dama bem calçada atrai mais música e sensibilidade, meu rosto te cumprimenta, mas eu não sei (e não quero saber) seu nome. É confuso, mas sempre é. Eu te entendo e te discurso. Te espalho na mesa com os olhos, tento entender o que você diz, mas no fim não ligo. Você começa a ficar invisível. Eu levemente começo a olhar a falta de beleza na decoração do ambiente, os arranjos nas mesas, então olho para você e percebo a mesma coisa -  mas vale o esforço.Você ainda mexe os lábios, mas estou surda para qualquer teoria sua, besteiras, teorias de um gênio adolescente. Recomeço com a mão fechada sobre a outra, meu colo vai virando um abrigo. Você começa a virar poesia. Descanso, e sinto uma vontade imensa de ir embora, não me entendo. Você continua falando, me questiono se você tem conhecimento das bobagens que diz, porque eu não tenho. Você permanece com os olhos irritantemente piscantes. Eu te tento e te passo pelos cantos do lugar. Você me pede para dançar. Faço cara de sono, e me sento novamente na cadeira. Minto para você com a mesma facilidade que você pensa que consegue dançar. Te arranca uns passos feios e iguais aos de todo mundo, meus olhos fechados me revelam que realmente não me importo com a atmosfera do resto – tudo tão cinza. Eu abro os olhos, e te vejo novamente, você acena. Não via mais razão para dar-te atenção, não te via e não te vejo, não precisava te ver. Era tão imensamente desinteressante nesse segundo pungente, que meu rosto pendia para o lado, do mesmo modo que antes era atraído por você. Eu queria ir embora. Você começa a virar música, e felizmente, música acaba rápido.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Você não a vê mais, ela passou por entre seus dedos como aquela chuva leve e macia, que evaporou. Ela sumiu. Ela sumiu porque só faz besteira em sua presença, diz absurdos quando você a quer calada, e fica em silêncio quando mais deveria verbalizar. Ela te abraça quando você a quer longe, e grita com você quando você a quer perto, faz brincadeiras de mau gosto e sofre antes, durante e depois de te encontrar.
Ela sumiu porque viu que não há futuro e nem presente entre vocês dois. Ela sumiu por não conseguir lidar com esse passado que não se apaga e é fluido como ar. Ela sumiu por não ter quem a resgatar, sumiu porque é covarde, porque é atenta, meio fajuta e meio autêntica. Sumiu porque tem paciência, porque é ousada, porque sabe que ausentar-se é risco e sapiência. Sumiu porque está interessada, porque quer estar para sempre do seu lado.Sumiu para que você sinta sua falta. Sumiu porque sabe a que saudade faz mais que todo o amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Ressaca Moral.

Você acorda, sem saber exatamente aonde está. Se senta na cama e se questiona se foi atropelada por um caminhão. Dá o primeiro passo e tudo faz um giro de 360º, mas você está intacta, não se moveu. A noite passada foi boa, disso você se lembra, você se lembra do Jose Cuervo, do Johnnie Walker, do Jack Daniel’s e do velho Barreiro, mas se esqueceu dos tombos, das declarações de amor, do strip-tease, das lágrimas derramadas, disso você não se lembra! Até que o telefone toca. Você não sabe quem é, e não consegue se lembrar da voz do outro lado da linha.

E você não consegue mover os lábios, você está trêmula e derruba o celular, precisa se repor, moralmente e fisicamente. Cambaleando, você chega a cozinha e bebe um copo de água. A água está com um péssimo gosto, pode até ser comparada à sua consciência. Você fecha os olhos e quase consegue sentir a terra se movendo e neste mesmo instante se lembra, apenas alguns flashes, do que aconteceu noite passada.A única coisa que vem em sua mente é a palavra ‘desculpas’, você quer se desculpar com as suas amigas, com seus pais e até mesmo com aquele cara que não sai da sua mente. 

Você bebe outro copo de água. Parece que os machucados no seu pé, causados pela sandália, foram tão ruins quanto os causados na sua consciência. E então você percebe, que apesar de tudo se divertiu, mas não é isso que te pertuba. Você saiu de casa esperando uma noite comum, você nem estava animada, e de repente tudo volta em um giro monótono, todos sentimentos do qual você já tinha se livrado, retomaram, talvez até com intensidade maior.

Você se esqueceu que misturar pessoas também causa ressaca, mas percebeu que bebidas antigas são sempre as melhores. Ontem a noite foi sua, você dançava na pista e não se preocupava se ele estava com outra, ou pensando em você. Até que caiu a ficha, VOCÊ é quem estava pensando nele, primeira vez em muito tempo, e então, vocês se olharam diretamente e se beijaram, surreal!

Seus amigos te olhavam aterrorizados, eles passaram tanto tempo te dando colo, enxugando lágrimas, dando conselhos, e num momento de fraqueza você se entregou! Aquele carinha, que estava disposto a apagar essa parte do passado da sua mente, ele estava lá também, observando você retomar aquilo que ele tanto lutou para amenizar.

Hoje, o outro dia, como costumam dizer, é o dia da decisão! Você quer ligar, você quer tudo de volta, mas você não o faz! Você está confusa, mas sabe que não deve tentar trazer de volta tudo aquilo que te fez perder tantas noites de sono. E então você se desculpa.

Você se desculpa com a sua amiga, com seus amigos, com aquele carinha que passou a noite toda tentando apagar essa parte do seu passado. E você se desculpa pelo beijo, você não sabe exatamente porque, foi maravilhoso para você, mas você se desculpa, porque sabe que nem sempre é viável olhar pra trás.

Sua mãe diz que você não fez nada de errado.Seus amigos dizem que isso acontece. Sua amiga diz que também passou por isso. Aquele carinha diz que não vai desistir de você, a não ser que você queira. E ele? apenas diz que te adora!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Experiência de morte

Passo e ouço pessoas comentando ao meu respeito, vozes conhecidas, falando sobre mim, algumas até param e falam comigo, mas não é tão interessante quanto as que de mim falam sem o meu saber. São vozes que vem e vão, entrando e saindo de minha mente confusa. Sinto vontade de parar e comentar o assunto, mas prefiro me conter e aprender um pouco mais sobre mim, coisas que eu mesma não sei.
Algumas pessoas me tocam, e eu sinto cada toque, cada carícia, cada abraço. Costumo dizer que um ato físico pode dizer o que milhões de palavras não diriam. Pessoas que pegam em minhas mãos, me fazem querer corresponder ao afago. A angústia de não poder tocar uma pessoa, me deixa louca!
Enxergo apenas a sombra das pessoas, de pessoas que conheço, ou que sei conhecer, algumas nem me lembro totalmente. E mesmo assim, meu coração salta apenas com uma referência.
Eu não sinto meu corpo, mas sinto o do próximo. Minha mente está vagando entre o sono, lucidez e algumas imagens loucas que não sei de onde vem. Vejo pessoas desconhecidas olhando para mim, me olham de modo pacífico, porém preocupado. Estas eu vejo muito bem, quase acho que é um sonho, mas sei que são bem reais. Eu gostaria de tocá-las, e elas continuam sorrindo para mim. Pergunto-me - em pensamento – quem são estas pessoas. E como se eu pudesse ler suas mentes, ouço um “Você logo se lembrará de todos nós”. E logo sei, que posso não conhece-las, mas me lembrarei delas como velhos amigos.
Algumas pessoas chegam bem perto de mim e dizem que me amam! Quem são os donos destas vozes? Então me lembro e sinto uma lágrima rolando no canto do meu olho direito. E pelos donos destas vozes, ela suavemente é enxugada.
Eu estou rodeada de pessoas, mas sinto um pouco de solidão. A mais pura solidão. Porque nenhuma dessas pessoas me acompanham para onde eu estou indo? Eu não consigo interagir com nenhuma delas. Sinto como se estivesse em dois mundos, acho tudo uma loucura. Então me ocorre: será que estou morrendo?
E começo a me lembrar dos últimos fatos que me ocorreram: minha última refeição. Sinto o gosto do pão fresquinho e do café. Sinto o último beijo dado, na verdade não o último, mas o que mais me faz falta. Sinto um perfume maravilhoso... e ouço uma música suave, trechos de algumas músicas que gosto.
De repente, vejo imagens como em um álbum fotográfico, imagens com fatos de minha vida, alguns importantes e outros nem tanto assim. Estas imagens começam a virar túneis que me puxam, e como em uma explosão, as imagens somem. Então sinto minha vida se perdendo, desaparecendo para sempre. A solidão não para de crescer. Tudo o que eu quero é gritar, me levantar e reassumir a minha vida. Sinto vontade de ficar perto das pessoas que amo.
Então escuto um zumbido muito forte, e sinto mãos me puxando, apertando meu peito, massageando-o. Sinto uma terrível angústia, e muito medo. Ouço alguém chorar perto de mim, mas não consigo ver, está tudo escuro. E então, algo incrível acontece : eu começo a planar por sobre o quarto. Vejo a cabeça das pessoas. Vejo pessoas que amo chorando em volta de um corpo disforme, de aparência muito mal-tratada. Reconheço então o corpo que me pertenceu durante tanto tempo. Sinto uma espécie de liberdade, mas continuo com medo.
Mergulhei sobre as pessoas que amo, e sinto que elas estão tristes. Sinto uma pontada de culpa por ver o amor nos olhos destas pessoas. E então sou interrompida.
Alguém me puxa pelo braço e diz que é hora de ir. Imploro para ficar mais um pouco, eu não quero partir.
Então vejo as imagens se desfazendo em volta de mim, e não consigo mantê-las. Então adormeço.
Acordei. Um lugar estranho, olho para o meu corpo e não vejo nada de errado, nenhuma dor ou deformação. Apenas uma solidão imensa! Sinto amor, dor, desespero, saudade... e nada posso fazer. Tento me levantar, mas sou impedida.
Uma voz me diz que devo descansar, ainda. Pergunto pelas pessoas que conheci, e a voz me responde que um dia, estaremos todos juntos, mas que ainda levará algum tempo. Diz-me para ter paciência, e que em breve, estarei pronta.

_ Pronta para quê?

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Strip-Tease

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.


(Martha Medeiros)

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Vampiros

Vampiros existem, e podem estar em qualquer lugar. Fique atento! Eu não acredito em gnomos ou fadas, mas vampiros estão em todo lugar, no estacionamento, no shopping, na casa ao lado, na escola, no bar, e até mesmo naquele site de relacionamentos. Eles tem um comportamento ‘ritual’, se aproximam, jogam uma conversa fiada, pedem seu telefone, ligam no outro dia, te convidam para um cinema, ou um jantar, fique ligado! E quando você menos espera, está rendida a este predador, e entrega a ele não apenas seu lindo pescocinho, mas muito mais. Este ‘mais’ você com certeza vai acabar descobrindo com o tempo. Vampiros te tratam bem, são inteligentes, cultos, com presença de espírito e conhecimento da vida, eles te cegam. Você se convence de que conheceu uma pessoa legal, e fixa sua mente nisto. É neste momento que ele age. Começam a sugar você. Você custa a se dar conta de que são vampiros, até parecem gente. Sugam tudo que podem, sugam você todinha. Sugam seu amor, sua confiança, sua tolerância, sugam sua fé, seu tempo, suas ilusões. Eles deixam você murchinha, e não deixam nem um pouco para você se levantar depois. Até que um dia você acorda e descobre que se envolveu com um vampiro, descobre que tudo deu e nada recebeu em troca, que amou pelos dois, que foi sempre o ombro amigo, que sempre esteve a disposição, e viveu tão solitariamente, que hoje se encontra aí, mais carniça do que carne.
Esta não é apenas uma historinha de terror da ficção, é uma realidade que se repete ano após ano, a séculos. É de dar medo. O morcegão surge com uma carinha de fome e cansaço, como se não tivesse dormido a noite toda, então você oferece abrigo, uma conversa, uma força, um abraço. Até que você começa a oferecer demais, é quando ele vem e te suga. E de barriga cheia, ele se revitaliza, bate as asinhas e some. Acontece em todo canto do mundo, não só na Transilvânia. Acontece também entre amigos, colegas de trabalho e familiares.
Doe seu sangue para hospitais, para um sonho, um projeto de vida, não para vampiros, que sempre vão lhe pedir mais e jamais lhe retribuir.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

E o que é que ela vê nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nós fazemos o mesmo em relação às escolhas deles. O que é, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual será o encanto secreto da Beltrana? 

Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma serenidade rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas é desajeitado pra se vestir, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no que ele tem de invisível para todos os outros.

Agora vou contar o que ele vê nela: ele vê, sim, que o corpo dela não é nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vê que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vê que ela, do jeito que é, preenche todas as suas carências do passado, e vê que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vê que ela até hoje não aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafuné que deveria ser patenteado, e vê que ela boceja só de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que é sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vê que ela é tão insegura quanto ele e é humana como todos, vê que ela é livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que está, e vê que ela se preocupa quando ele chega tarde e não se preocupa se ele não diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguém entenda. 
(Martha Medeiros)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Game Over.

Fazia diversos joguinhos para colecionar corações, tenho todas as peças guardadas na memória. Muitos corações, os deixei presos a mim um bom tempo. Antes eu poderia dizer que jogava para acariciar meu ego, mas hoje sei que não se tem ego com tantas e tantas rachaduras no peito. A cada coração que eu prendia em mim, uma parte do meu era descartada. Eu achava divertido jogar, as coleções me serviam de escudo, eu brincava, pulava, pintava e bordava, sem nenhum arranhão no fim, sem sofrer quedas e sem me arrepender. Porém, não gostava de jogar com quem verdadeiramente me importava, era contra as regras. Só devemos jogar com verdadeiros jogadores. Gostava de jogar com quem se achava 'foda', acertava no ponto fraco e 'Won', ganhava mais um jogo. Eu correria grandes riscos de esquecer-me do objetivo do jogo e quebrar a regra principal, que era não cair; não me arranhar. As vezes ate me confundia, mas nunca mudava de foco ... Quando apareciam pessoas assim, eu apertava o “pause” no meu jogo. Mas todo jogador tem seu 'Game Over' e todo jogador tem seu 'Record'. Por mais jogadora que eu fosse, queria viver de verdade, sentir. Tentava até certo ponto, mas depois via que era mais viável continuar a jogar. “Start” para mim mais uma vez.

Eu queria ter coragem pra dizer que não te amo mais, só pra te machucar, pra te ver sofrer um pouco. Mas me deixo quieta, não posso correr o risco dessa frase ser tudo o que te faltava. Chama um táxi, enquanto me faço de ofendida e checo no espelhinho de bolsa a tristeza leve das minhas pálpebras roxas. Outra vez é quinta-feira e a expressão “programa com você” tem um gosto amargo de duplo sentido. Do amanhã já sei de cor. Vou embora em salteado.
Só queria dar o fora. Em ti, daqui, de qualquer lugar. Aonde eu não tenha estômago pra ser uma dessas mulheres que gostam de arrastar um bonde e a cara no chão. Tudo em nome de uma coisa que faz todos gargalharem ou fazer uma cara de dó se arrisco chamar de amor. Isso não é amor, menina de deus. Quem sabe de mim sou eu, repito pra mim. Eles não sabem, mas eu sonho um dia gostar menos de ti e ninguém nesse mundo me ajuda tanto pra que isso aconteça, senão você. Cada passo em falso seu pra me perder, insisto cada vez mais te querer.
Sai de mim, eu penso olhando o povo, as vitrinas e uns cartazes com aquele seu meio riso da janela do meu ônibus. Mas se eu não quero um filho com buraco no queixo, barba encravada, camisa furada nas costas, cantando “Don’t Let Me Down”? Se eu não quero mais passear de mão e passar vergonha na frente dos outros? Se eu te odeio tanto, porque eu gosto mais de mim contigo por perto? Então? Quero o quê? Pronto, não dá mais. Eu me decido.
Aí, basta um pio e eu largo tudo apitando, pondo a razão a perder. O valor do meu silêncio é inversamente proporcional pra nós dois. O centavo que te faz voltar é o ouro que me compra. Os hematomas nas minhas coxas, ombros e calcanhares são todos culpa minha, apesar das suas impressões digitais. Não se engane, fosse uma surra física seria tão mais fácil, mas não, são apenas brincadeiras de mau gosto. Tapas, mordidas e vergões são suas marcas registradas mostrando que meu coração vazio é meramente ilustrativo. Entre nós, o sexo e a dor não podem ser vividos separadamente.
Fora a falta que sinto das suas roupas penduradas e do queixo torto de reprovação toda vez que ponho a Maria Rita pra tocar, eu tenho um oceano de inveja sua. Da sua força em arriscar o baita azar de me perder quando eu não ouso nem procurar outra boca pra ver se minha sorte muda pro lado mais distante dos seus bocejos se falo de algum medo meu.Eu preciso te extraditar do meu horizonte, do meu pensamento ilimitado, da minha cabeça sempre a prêmio.
Quem te viu ontem, rindo desgraçadamente da penca de peripécias amorosas na mesa de um bar qualquer, não te vê hoje, em sonhos saciados à luz do corujão e meu zelar incrédulo perguntando pras paredes creme o que eu faço contigo, com isso, comigo, daqui a pouco, quando o sol sair a pino. Jeito de menino, bom filho, pseudo e péssimo namorado, amante profissional. Difícil é separar seus predicados do sujeito simples, dono da minha oração de cada domingo empapando o travesseiro.
Então eu rezo. Sai de mim. Sai de mim. Sai de mim. Quero uma coisa nova, mas pra me suar as mãos e enfraquecer as canelas, você ainda é o que há de mais inovador. E é isso que me mata aos poucos: juntos, a gente dança disforme à música. Um pra lá, um pra cá, e seu corpo me chama pra dançar. Vou, não nego. Mas na manhã seguinte, quando segue o baile, estou sem par outra vez.

(autor?)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dor de cotovelo.

E as vezes eu só preciso de um sim, de um 'é por você', de um 'eu estou aqui', de um 'você não está sozinha'.
Eu não quero novas experiências, novas atitudes, quero novos sentimentos, novos valores, as vezes eu só quero um silêncio, um olhar, uma mão em minhas mãos, um toque, ou nada, só uma companhia.

Sendo bem direta: Paixão quando dá certo é ruim. É ruim porque você só pensa nela, nele, nisso, e não faz nada nem produz nada, e fica feliz demais ― e gorda ― e vira um ser insuportável, inclusive, e muito provavelmente, para quem você ama. E quando dá errado? Que coisa de gente doida! O pior é você tentar fazer dar certo, e quando você acha que chegou lá, alguém estraga tudo. Eu pelo menos fico louca,― louca! ― fico absolutamente intragável, só falo sobre isso, só penso nisso, só vivo isso, como de menos, como ainda mais do que eu comia antes, esqueço meus amigos, perco a paciência e fico grosseira ― sobretudo ― com a minha família, e que horror. Vou dizer mais: Hoje em dia, com a Internet, dor de cotovelo é um pesadelo ainda maior. Antes era só apagar o número do celular e mandar para o inferno. Mas e agora? Agora você precisa deletar não só de sua vida, mas do desejo incontrolável de estar na vida do outro, e com toda essa facilidade ... ― e quem vai deletar o que? ― Você vai é besbilhotar e sofrer se estão felizes e sofrer se estão sozinhos, e sofrer e sofrer e sofrer se estão fazendo qualquer coisa, online, que não seja estar com você. Ah, não. Não, não e não.
Eu quero estar comigo mesma, me arrependendo e lamentando.
Mas... sempre tem um porém, existem pós, existem contras.
Não vejo a hora de dizer: já passou da hora!
E pra quê? Não é o que eu quero. Não.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Procrastinação.


"Procrastinação" foi a última palavra que me lembro ter aprendido. Sempre me faltou uma palavra que descrevesse esta coisa, essa coisa de evitar o inevitável, só por evitar e parecer evitável.
Aprender esta palavra e seu significado, foi como descobrir uma cor nova, um signo novo, uma nova nota musical. E sempre soou como uma cor cinzenta mas não cinza nem matizada, um signo perdido entre o solstício e as revoluções, entoado numa nota entre o trítono e o sacro.
"Procrastinar" soa bem, apesar dos pesares.
Se diz que procrastinar, é como masturbação : a sensação é boa, mas você só está fodendo consigo mesmo.
Procrastinar, é escrever num blog. Procurar inspiração. Fazer algo inútil para que consiga começar algo útil. É tomar o caminho mais longo e estático, porque o caminho mais curto é muito enérgico.
É o deixar para depois, e depois deixar um pouco mais. Inflar a realidade com gas hélio, engraçado, vazio e volátil. Observar as coisas em câmera lenta, de trás-para-frente, e observar de novo, não prestar atenção, e ver pela terceira vez. Tamborilar no braço do sofá, tomar um café. É o botão "soneca" do celular. Mais cinco minutos. Mais vinte minutos. Mais uns dias.
Procrastinar é pegar a existência uma vez sólida e compacta, e esticá-la num fio finíssimo e longo. É viver numa bola de chiclete, enorme e cheia de ar por dentro até estourar. E daí fazer outra bola.
Procrastinação é homeopatia, fazer tudo em pequenas doses, um pouco por vez, e um pouco de tudo. Procrastinação é procurar sinônimos e adjetivos, palavras e coisas para continuar escrevendo antes de chegar a uma conclusão final.

Procrastinar é evitar a conclusão final no fim depois que acaba.

(PC Siqueira)

Apresentações.

Meu nome é Carolina, mas me chame de Carol, obrigada. Moro em minha mente, um local muito difícil de ser descrito e talvez muito melhor do que o que a maioria das pessoas consideram normal. Não faço a mínima idéia do porque fiz esse blog, e muito menos o que postar nele. Acho que tudo que escrevo não faz sentido algum e acho que ninguém consegue entender o sentido do que escrevo também. Tenho alguns animais de estimação, alguns apenas eu consigo ver. Converso comigo mesma todos os dias antes de dormir, em frente ao espelho, me critico e analiso o que poderia ter feito ou não no meu dia, muitas vezes crio situações também, não me julgo louca por isto, talvez carente, ou talvez eu simplesmente não tenha medo de fazer isto e ser julgada.Tenho minhas bandas preferidas e meus filmes favoritos, mas prefiro não citá-los, já que amanhã eles serão outros. Sou mais bipolar do que pareço, consigo mudar de humor em questão de segundos, e assusto muitas pessoas com isto, mas não me importo, penso que consigo encarar a vida de diversas maneiras em uma única situação, e no fim, escolho a que melhor se encaixa. Mudo de opinião como mudo de roupa. Costumava, costumo e no futuro continuarei a roer unhas. Já fui gordinha e magrela. Não sei, acho que isto não importa, já que o que eu escrevo não irá refletir diretamente no meu peso, talvez. Nunca usei aparelho dental. Tenho miopia e astigmatismo e mais um monte de dores de cabeça que beiram o insuportável. Sou quase um vampiro quando se trata de claridade, sol, dia, e afins. Adoro estudar, mas nunca consigo aprender, deve ser a arte do desafio. Meu sonho é conhecer o mundo, não apenas o mundo superficial, mas toda a pobreza e riqueza que nos envolve, os quatro cantos completos. Odeio chinelo havaianas, odeio. Mas uso. Odeio que tirem fotos minhas, mas adoro tirar fotos com pessoas. Adoro que passem a mão nos meus cabelos, que me façam massagem e principalmente, que me emprestem a blusa quando estou com frio, acho uma atitude nobre e vejo vantagem nisso. Sou completamente apaixonada por homens românticos, aquele romantismo à moda antiga que vemos em filmes, mas não suportaria uma pessoa vinte e quatro horas romântica. Me encanto com barbas, chapéus e jaquetas de couro. Não gosto de agradar ninguém atoa. Odeio quando faço tudo por uma pessoa e ela nem se importa e pior, não reconhece e valoriza isto. Sou carente demais, adoro que me deêm atenção e que me liguem todos os dias, acho que mensagem conta também. Odeio declarações de amor em público, odeio e odeio, e mesmo sendo não contra a intenção da pessoa, odiaria o dito cujo que viesse a fazer tal coisa por mim. Prefiro um abraço bem apertado e cheio de afeto do que um beijo de dez minutos. Jamais considere relevante um primeiro encontro comigo, espere o segundo para melhores conclusões, sei como consigo ser "crua" em um primeiro encontro, mas adoro observar nos detalhes de uma pessoa "nova" em minha vida, o jeito como ela sorri, ou como meche nos cabelos antes de falar, no jeito de andar, prefiro ficar apenas observando ao invés de falar. Não me acho engraçada, e não faço ideia do porque algumas pessoas dão risada do que falo. Não gosto quando me digam o que tenho que fazer, pois sinto uma grande necessidade de contrariar ordens. Nunca penso antes de agir. Se penso, não faço. Se faço, não penso. Gosto de doce, mas prefiro salgado, gosto de passar horas vendo filmes e comendo e comendo e comendo... Sinto um prazer imenso em comer, prefiro que me deem um hamburguer do que um buquê de flores. Amar pra mim é quando você fica o dia todo pensando na pessoa , e descobre que não quer viver sem ela. Não sou romântica, não mesmo. Odeio o 'você sabe que eu te amo'. Porque eu não sei, talvez eu esteja aqui esperando você me dizer. Odeio a incapacidade das pessoas de não verem o que está acontecendo ao seu redor, a incapacidade de pensar em outras pessoas e de serem solidarias com pessoas que precisam dessa solidariedade para viver. Odeio mentiras, não só odeio, desprezo! Tenho pânico de gente egoísta e desanimada, e principalmente de pessoas que conseguem ser ambas ao mesmo tempo. E odeio imaturidade, não que seja necessário ser "maduro" todo o tempo, mas se abrir para aprender coisas novas, e aprender com os erros já vividos é algo necessário a qualquer ser humano. Amigo pra mim é aquela pessoa que consegue me fazer sentir em casa só por estar com esta pessoa. Amo animais, todos eles. Adoro dormir,se pudesse passaria o dia todo dormindo e ainda tiraria mais um tempinho pra um cochilo. Não me interesso pela vida alheia e muito menos em "repassar" fofocas para as pessoas, acredito que cada pessoa sabe o que faz, e tem que se responsabilizar por isto sem que ninguém a julgue boa o ruim por tal coisa. Odeio calor, odeio. E cansei de escrever. Prazer.