sábado, 7 de setembro de 2013

_Mas senhor, eu percorri todo esse caminho. Sem mapas, sem instruções, não achas que mereço um descanso?

_Não, meu caro. A vida não espera. As pessoas estão sempre indo e vindo, entrando e saindo de sua vida. Você também irá, você também irá embora da vida de alguém e tropeçar nos caminhos de outras pessoas. As pessoas são assim, elas mentem, se cansam, amam, e partem. As pessoas são pessoas, como você. Não se decepcione, continue seu caminho e aceite. Não procure mapas ou caminhos já traçados por outros indivíduos, apenas siga em frente. Você se encontrará em cada novo caminho trilhado. Não tenha medo, você pode até se sentir perdido. Mas está apenas se encontrando. E sempre se lembre dos caminhos por onde passou, mas nunca. Nunca deixe de seguir em frente por isto.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

Naquele tempo, faz tempo.
E hoje, tempo não há mais.
O que é o tempo
Já que se desfaz.
Não perca tempo
É o que dizem
Mal sabem eles
Não perdemos o tempo
Perdemos o que não se faz.
Sinto suas mãos,
Sinto seus olhares,
Sinto seu cheiro,
Sinto sua alma,
Sinto sua angústia,
E seu amor
Mas acima de tudo,
Sinto sua falta.
Hoje perco uma parte de você
Me perco em um desamparo
Me obrigando a sentir
Como dói
A tua distância me desarma
Me tira o sono, a paz,
Me faz perceber que apesar de sermos dois
Para mim, somos um.
Você me canta, me encanta
Nessa dança
Sem ritmo, e sem som
Me desvia e abandona.
Depois volta
Com o mesmo passo,
Mas sem repetição.

A grama do vizinho

Sempre mais verde, mas bonita, mais cuidada. A grama do vizinho te engana, te seduz. Mas a grama do vizinho é sintética, falsa. Caso não, seria sua.

Amor (mesmo contra minha vontade).

Àquele que não se importa. Que me vê em pedaços e ri. Que me mata, me trai, me humilha e me faz humilhar. Me faz implorar, chorar. Àquele que me exclui, me nega, me aborta. Àquele que quase me mata. Mas não mata. Pois é o que me mantém viva.
Estou com fome, sedenta. Numa explosão de sentimentos que me envolvem e me tiram o controle. Não penso. Se penso, faço coisas sem pensar. Não sei o que fazer. O que faço me desfaz. Me ilude. Me faz amar. Me faz odiar. Me faz respeitar, e desrespeitar. Me faz feliz, me faz chorar. Não quero que pare. Quero que ampare, que repare.
Tenho medo do amor. Gosto de sentimentos homogêneos, e o amor não é um deles.
Estou me desfazendo de pesos desnecessários. Afastando de mim tudo que não me acrescenta. Não quero migalhas, pedaços ou sentimentos incompletos. Quero coisas por inteiro, sentimentos verdadeiros. Não venha até mim se não for de fato se entregar. Pesos desnecessários causam dores desnecessárias.
Escolher significa se desfazer. E eu não me desfaço.
A gente se acostuma. A gente se acostuma a sair de casa e nem sequer olhar para o céu, e não olhando para o céu esquecemos o quão azul ele pode ser dias sim, dias não. A noite, não. A noite é escura. Mas não sabemos, porque a gente se acostuma. A gente se acostuma a acordar atrasado, e chegar atrasado no trabalho, e sair atrasado, voltar para casa atrasado. O que você fez no seu dia? Me atrasei. A gente se acostuma.
A gente se acostuma a comer porcarias. A gente se acostuma a dizer porcarias. A gente se acostuma a não sentir. A não sentir amor, a não dizer bom dia, a sorrir sem estar feliz, a não se importar, a não dizer. A não dizer o quanto a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a ser ignorado, a ser falso, a não ser. 
A gente se acostuma a trabalhar por dinheiro, a sofrer por dinheiro, a se importar com dinheiro.
A gente se acostuma a não sentir, a ignorar o que estamos sentindo e não dizer. 
A gente se acostuma a não fazer, por medo. A gente se acostuma a não arriscar porque estamos acostumados com o "dar errado".
A gente se acostuma a não sofrer, a gente se acostuma com uma dor ali, um ressentimento aqui, uma tristeza acolá. 
A gente se acostuma demais, e se importa de menos. A gente fala demais, e ouve de menos. A gente sente demais, e demostra de menos. A gente sofre demais, e se acostuma com o resto. A gente se acostuma a viver, e vive de menos.


Reconhecimento. Tão esperado por todos seres humanos sedentos pela aprovação alheia. O mundo é movido pela aprovação alheia. O mundo é movido pelo desejo de reconhecimento. Porém, se sempre haverá alguém para julgar-nos quanto nossos ideais, será que nos reconhecemos? Aprovar ou reprovar uma atitude alheia pode parecer-lhe normal, mas quando o "você" vira "eu" as coisas sim, se tornam realmente um caos.