segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

E o que é que ela vê nele? Nossos amigos se interrogam sobre nossas escolhas, e nós fazemos o mesmo em relação às escolhas deles. O que é, caramba, que aquele Fulano tem de especial? E qual será o encanto secreto da Beltrana? 

Vou contar o que ela vê nele: ela vê tudo o que não conseguiu ver no próprio pai, ela vê uma serenidade rara e isso é mais importante do que o Porsche que ele não tem, ela vê que ele se emociona com pequenos gestos e se revolta com injustiças, ela vê uma pinta no ombro esquerdo que estranhamente ninguém repara, ela vê que ele faz tudo para que ela fique contente, ela vê que os olhos dele franzem na hora de ler um livro e mesmo assim o teimoso não procura um oftalmologista, ela vê que ele erra, mas quando acerta, acerta em cheio, que ele parece um lorde numa mesa de restaurante mas é desajeitado pra se vestir, ela vê que ele não dá a mínima para comportamentos padrões, ela vê que ele é um sonhador incorrigível, ela o vê chorando, ela o vê nu, ela o vê no que ele tem de invisível para todos os outros.

Agora vou contar o que ele vê nela: ele vê, sim, que o corpo dela não é nem de longe parecido com o da Daniella Cicarelli, mas vê que ela tem uma coxa roliça e uma boca que sorri mais para um lado do que para o outro, e vê que ela, do jeito que é, preenche todas as suas carências do passado, e vê que ela precisa dele e isso o faz sentir importante, e vê que ela até hoje não aprendeu a fazer um rabo-de-cavalo decente, mas faz um cafuné que deveria ser patenteado, e vê que ela boceja só de pensar na palavra bocejo e que faz parecer que é sempre primavera, de tanto que gosta de flores em casa, e ele vê que ela é tão insegura quanto ele e é humana como todos, vê que ela é livre e poderia estar com qualquer outra pessoa, mas é ao seu lado que está, e vê que ela se preocupa quando ele chega tarde e não se preocupa se ele não diz que a ama de 10 em 10 minutos, e por isso ele a ama mesmo que ninguém entenda. 
(Martha Medeiros)

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Game Over.

Fazia diversos joguinhos para colecionar corações, tenho todas as peças guardadas na memória. Muitos corações, os deixei presos a mim um bom tempo. Antes eu poderia dizer que jogava para acariciar meu ego, mas hoje sei que não se tem ego com tantas e tantas rachaduras no peito. A cada coração que eu prendia em mim, uma parte do meu era descartada. Eu achava divertido jogar, as coleções me serviam de escudo, eu brincava, pulava, pintava e bordava, sem nenhum arranhão no fim, sem sofrer quedas e sem me arrepender. Porém, não gostava de jogar com quem verdadeiramente me importava, era contra as regras. Só devemos jogar com verdadeiros jogadores. Gostava de jogar com quem se achava 'foda', acertava no ponto fraco e 'Won', ganhava mais um jogo. Eu correria grandes riscos de esquecer-me do objetivo do jogo e quebrar a regra principal, que era não cair; não me arranhar. As vezes ate me confundia, mas nunca mudava de foco ... Quando apareciam pessoas assim, eu apertava o “pause” no meu jogo. Mas todo jogador tem seu 'Game Over' e todo jogador tem seu 'Record'. Por mais jogadora que eu fosse, queria viver de verdade, sentir. Tentava até certo ponto, mas depois via que era mais viável continuar a jogar. “Start” para mim mais uma vez.

Eu queria ter coragem pra dizer que não te amo mais, só pra te machucar, pra te ver sofrer um pouco. Mas me deixo quieta, não posso correr o risco dessa frase ser tudo o que te faltava. Chama um táxi, enquanto me faço de ofendida e checo no espelhinho de bolsa a tristeza leve das minhas pálpebras roxas. Outra vez é quinta-feira e a expressão “programa com você” tem um gosto amargo de duplo sentido. Do amanhã já sei de cor. Vou embora em salteado.
Só queria dar o fora. Em ti, daqui, de qualquer lugar. Aonde eu não tenha estômago pra ser uma dessas mulheres que gostam de arrastar um bonde e a cara no chão. Tudo em nome de uma coisa que faz todos gargalharem ou fazer uma cara de dó se arrisco chamar de amor. Isso não é amor, menina de deus. Quem sabe de mim sou eu, repito pra mim. Eles não sabem, mas eu sonho um dia gostar menos de ti e ninguém nesse mundo me ajuda tanto pra que isso aconteça, senão você. Cada passo em falso seu pra me perder, insisto cada vez mais te querer.
Sai de mim, eu penso olhando o povo, as vitrinas e uns cartazes com aquele seu meio riso da janela do meu ônibus. Mas se eu não quero um filho com buraco no queixo, barba encravada, camisa furada nas costas, cantando “Don’t Let Me Down”? Se eu não quero mais passear de mão e passar vergonha na frente dos outros? Se eu te odeio tanto, porque eu gosto mais de mim contigo por perto? Então? Quero o quê? Pronto, não dá mais. Eu me decido.
Aí, basta um pio e eu largo tudo apitando, pondo a razão a perder. O valor do meu silêncio é inversamente proporcional pra nós dois. O centavo que te faz voltar é o ouro que me compra. Os hematomas nas minhas coxas, ombros e calcanhares são todos culpa minha, apesar das suas impressões digitais. Não se engane, fosse uma surra física seria tão mais fácil, mas não, são apenas brincadeiras de mau gosto. Tapas, mordidas e vergões são suas marcas registradas mostrando que meu coração vazio é meramente ilustrativo. Entre nós, o sexo e a dor não podem ser vividos separadamente.
Fora a falta que sinto das suas roupas penduradas e do queixo torto de reprovação toda vez que ponho a Maria Rita pra tocar, eu tenho um oceano de inveja sua. Da sua força em arriscar o baita azar de me perder quando eu não ouso nem procurar outra boca pra ver se minha sorte muda pro lado mais distante dos seus bocejos se falo de algum medo meu.Eu preciso te extraditar do meu horizonte, do meu pensamento ilimitado, da minha cabeça sempre a prêmio.
Quem te viu ontem, rindo desgraçadamente da penca de peripécias amorosas na mesa de um bar qualquer, não te vê hoje, em sonhos saciados à luz do corujão e meu zelar incrédulo perguntando pras paredes creme o que eu faço contigo, com isso, comigo, daqui a pouco, quando o sol sair a pino. Jeito de menino, bom filho, pseudo e péssimo namorado, amante profissional. Difícil é separar seus predicados do sujeito simples, dono da minha oração de cada domingo empapando o travesseiro.
Então eu rezo. Sai de mim. Sai de mim. Sai de mim. Quero uma coisa nova, mas pra me suar as mãos e enfraquecer as canelas, você ainda é o que há de mais inovador. E é isso que me mata aos poucos: juntos, a gente dança disforme à música. Um pra lá, um pra cá, e seu corpo me chama pra dançar. Vou, não nego. Mas na manhã seguinte, quando segue o baile, estou sem par outra vez.

(autor?)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Dor de cotovelo.

E as vezes eu só preciso de um sim, de um 'é por você', de um 'eu estou aqui', de um 'você não está sozinha'.
Eu não quero novas experiências, novas atitudes, quero novos sentimentos, novos valores, as vezes eu só quero um silêncio, um olhar, uma mão em minhas mãos, um toque, ou nada, só uma companhia.

Sendo bem direta: Paixão quando dá certo é ruim. É ruim porque você só pensa nela, nele, nisso, e não faz nada nem produz nada, e fica feliz demais ― e gorda ― e vira um ser insuportável, inclusive, e muito provavelmente, para quem você ama. E quando dá errado? Que coisa de gente doida! O pior é você tentar fazer dar certo, e quando você acha que chegou lá, alguém estraga tudo. Eu pelo menos fico louca,― louca! ― fico absolutamente intragável, só falo sobre isso, só penso nisso, só vivo isso, como de menos, como ainda mais do que eu comia antes, esqueço meus amigos, perco a paciência e fico grosseira ― sobretudo ― com a minha família, e que horror. Vou dizer mais: Hoje em dia, com a Internet, dor de cotovelo é um pesadelo ainda maior. Antes era só apagar o número do celular e mandar para o inferno. Mas e agora? Agora você precisa deletar não só de sua vida, mas do desejo incontrolável de estar na vida do outro, e com toda essa facilidade ... ― e quem vai deletar o que? ― Você vai é besbilhotar e sofrer se estão felizes e sofrer se estão sozinhos, e sofrer e sofrer e sofrer se estão fazendo qualquer coisa, online, que não seja estar com você. Ah, não. Não, não e não.
Eu quero estar comigo mesma, me arrependendo e lamentando.
Mas... sempre tem um porém, existem pós, existem contras.
Não vejo a hora de dizer: já passou da hora!
E pra quê? Não é o que eu quero. Não.


quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Procrastinação.


"Procrastinação" foi a última palavra que me lembro ter aprendido. Sempre me faltou uma palavra que descrevesse esta coisa, essa coisa de evitar o inevitável, só por evitar e parecer evitável.
Aprender esta palavra e seu significado, foi como descobrir uma cor nova, um signo novo, uma nova nota musical. E sempre soou como uma cor cinzenta mas não cinza nem matizada, um signo perdido entre o solstício e as revoluções, entoado numa nota entre o trítono e o sacro.
"Procrastinar" soa bem, apesar dos pesares.
Se diz que procrastinar, é como masturbação : a sensação é boa, mas você só está fodendo consigo mesmo.
Procrastinar, é escrever num blog. Procurar inspiração. Fazer algo inútil para que consiga começar algo útil. É tomar o caminho mais longo e estático, porque o caminho mais curto é muito enérgico.
É o deixar para depois, e depois deixar um pouco mais. Inflar a realidade com gas hélio, engraçado, vazio e volátil. Observar as coisas em câmera lenta, de trás-para-frente, e observar de novo, não prestar atenção, e ver pela terceira vez. Tamborilar no braço do sofá, tomar um café. É o botão "soneca" do celular. Mais cinco minutos. Mais vinte minutos. Mais uns dias.
Procrastinar é pegar a existência uma vez sólida e compacta, e esticá-la num fio finíssimo e longo. É viver numa bola de chiclete, enorme e cheia de ar por dentro até estourar. E daí fazer outra bola.
Procrastinação é homeopatia, fazer tudo em pequenas doses, um pouco por vez, e um pouco de tudo. Procrastinação é procurar sinônimos e adjetivos, palavras e coisas para continuar escrevendo antes de chegar a uma conclusão final.

Procrastinar é evitar a conclusão final no fim depois que acaba.

(PC Siqueira)

Apresentações.

Meu nome é Carolina, mas me chame de Carol, obrigada. Moro em minha mente, um local muito difícil de ser descrito e talvez muito melhor do que o que a maioria das pessoas consideram normal. Não faço a mínima idéia do porque fiz esse blog, e muito menos o que postar nele. Acho que tudo que escrevo não faz sentido algum e acho que ninguém consegue entender o sentido do que escrevo também. Tenho alguns animais de estimação, alguns apenas eu consigo ver. Converso comigo mesma todos os dias antes de dormir, em frente ao espelho, me critico e analiso o que poderia ter feito ou não no meu dia, muitas vezes crio situações também, não me julgo louca por isto, talvez carente, ou talvez eu simplesmente não tenha medo de fazer isto e ser julgada.Tenho minhas bandas preferidas e meus filmes favoritos, mas prefiro não citá-los, já que amanhã eles serão outros. Sou mais bipolar do que pareço, consigo mudar de humor em questão de segundos, e assusto muitas pessoas com isto, mas não me importo, penso que consigo encarar a vida de diversas maneiras em uma única situação, e no fim, escolho a que melhor se encaixa. Mudo de opinião como mudo de roupa. Costumava, costumo e no futuro continuarei a roer unhas. Já fui gordinha e magrela. Não sei, acho que isto não importa, já que o que eu escrevo não irá refletir diretamente no meu peso, talvez. Nunca usei aparelho dental. Tenho miopia e astigmatismo e mais um monte de dores de cabeça que beiram o insuportável. Sou quase um vampiro quando se trata de claridade, sol, dia, e afins. Adoro estudar, mas nunca consigo aprender, deve ser a arte do desafio. Meu sonho é conhecer o mundo, não apenas o mundo superficial, mas toda a pobreza e riqueza que nos envolve, os quatro cantos completos. Odeio chinelo havaianas, odeio. Mas uso. Odeio que tirem fotos minhas, mas adoro tirar fotos com pessoas. Adoro que passem a mão nos meus cabelos, que me façam massagem e principalmente, que me emprestem a blusa quando estou com frio, acho uma atitude nobre e vejo vantagem nisso. Sou completamente apaixonada por homens românticos, aquele romantismo à moda antiga que vemos em filmes, mas não suportaria uma pessoa vinte e quatro horas romântica. Me encanto com barbas, chapéus e jaquetas de couro. Não gosto de agradar ninguém atoa. Odeio quando faço tudo por uma pessoa e ela nem se importa e pior, não reconhece e valoriza isto. Sou carente demais, adoro que me deêm atenção e que me liguem todos os dias, acho que mensagem conta também. Odeio declarações de amor em público, odeio e odeio, e mesmo sendo não contra a intenção da pessoa, odiaria o dito cujo que viesse a fazer tal coisa por mim. Prefiro um abraço bem apertado e cheio de afeto do que um beijo de dez minutos. Jamais considere relevante um primeiro encontro comigo, espere o segundo para melhores conclusões, sei como consigo ser "crua" em um primeiro encontro, mas adoro observar nos detalhes de uma pessoa "nova" em minha vida, o jeito como ela sorri, ou como meche nos cabelos antes de falar, no jeito de andar, prefiro ficar apenas observando ao invés de falar. Não me acho engraçada, e não faço ideia do porque algumas pessoas dão risada do que falo. Não gosto quando me digam o que tenho que fazer, pois sinto uma grande necessidade de contrariar ordens. Nunca penso antes de agir. Se penso, não faço. Se faço, não penso. Gosto de doce, mas prefiro salgado, gosto de passar horas vendo filmes e comendo e comendo e comendo... Sinto um prazer imenso em comer, prefiro que me deem um hamburguer do que um buquê de flores. Amar pra mim é quando você fica o dia todo pensando na pessoa , e descobre que não quer viver sem ela. Não sou romântica, não mesmo. Odeio o 'você sabe que eu te amo'. Porque eu não sei, talvez eu esteja aqui esperando você me dizer. Odeio a incapacidade das pessoas de não verem o que está acontecendo ao seu redor, a incapacidade de pensar em outras pessoas e de serem solidarias com pessoas que precisam dessa solidariedade para viver. Odeio mentiras, não só odeio, desprezo! Tenho pânico de gente egoísta e desanimada, e principalmente de pessoas que conseguem ser ambas ao mesmo tempo. E odeio imaturidade, não que seja necessário ser "maduro" todo o tempo, mas se abrir para aprender coisas novas, e aprender com os erros já vividos é algo necessário a qualquer ser humano. Amigo pra mim é aquela pessoa que consegue me fazer sentir em casa só por estar com esta pessoa. Amo animais, todos eles. Adoro dormir,se pudesse passaria o dia todo dormindo e ainda tiraria mais um tempinho pra um cochilo. Não me interesso pela vida alheia e muito menos em "repassar" fofocas para as pessoas, acredito que cada pessoa sabe o que faz, e tem que se responsabilizar por isto sem que ninguém a julgue boa o ruim por tal coisa. Odeio calor, odeio. E cansei de escrever. Prazer.