segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Mulheres não gostam de presentes. Gostam de palavras. Flores, mas não compradas. Aquela que você roubou em algum jardim. De cartões, declarações. Gostam daquela música, que te faz lembrar dela. Gostam de sutilezas. Atitudes simples. Como lembrar daquele perfume, das preferências, dos gritos e bocejos. Gostam de ser surpreendidas. As surpresas mais ricas não são anéis de brilhante ou faixas em aviões. São coisas simples. Um reparar apenas. É tomar um café, assistir um filme. Não se deixe enganar, você não sabe o poder atômico das sutilezas.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Ah, os pedidos, os apelos, as súplicas... as súplicas de amor! Há algo mais inútil?
Quando alguém realmente especial chega, você não precisa pedir para que ele te dê uma chance: ele dá.
Você não precisa inventar peripécias para que ele te convide para sair: ele convida.
Você não precisa pedir para que ele entre na sua vida: ele entra.
Você não precisa pedir para andar de mãos dadas: não há a menor possibilidade dele te deixar solta na rua como uma pipa no furacão.
Você não precisa pedir elogios: ele te elogia.
Você não precisa implorar um cantinho num vaso estreito para lançar sua semente: ele reserva todo o jardim pra você.
Você não precisa avisar que você é um tesouro: ele sabe.
Você não precisa insinuar que seria delicado se ele retirasse seu perfil do Par Perfeito: ele retira.
Você não precisa colher sôfrega raspas e restos que caem ao chão: o banquete dele é todo seu.
Você não precisa pisar em ovos ao sugerir que ele faça um exame de HIV: ele faz.
Você não precisa sondar temerosa se ele está te namorando ou não: ele está. E diz isso.
Você não precisa pedir que ele te beije sempre a boca e que durma abraçado em você e que deixe seus líquidos de amor secarem devagar pelas peles coladas: seus corpos se entendem muito antes da linguagem existir.
Você não precisa implorar baixinho para que um dia, talvez, quem sabe, por favor, se possível, ele diga que te ama: ele diz. 
É simples assim: quando alguém realmente especial chega, você não precisa pedir mais nada.

(Stella Florence) 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012


Fazia tempo que não escrevia. Não deixava minha mente fluir ao pensar em você. Então pensei em escrever sobre você novamente. Mas não o fiz. Tenho perdido muito tempo com você. Na verdade não, tenho perdido todo o meu tempo com você. Tenho me perdido em você, por você. Então perdi você. Agora me perco por você. Perco todo o meu tempo pensando em você. Perco minha capacidade de escrever sobre outra coisa, que não seja você. E as vezes perco meu tempo indagando se tudo isso é de fato perda de tempo. Ou talvez se você também tenha perdido seu tempo comigo. Talvez você perca. Mas isto não é sobre você. Isto é sobre eu, tentando pensar em outras coisas. Tentando não perder meu tempo com você.
Meu dia começou a tarde.
E se seguiu pesado e sonolento durante toda a tarde, até a noite cair um pouco menos pesada. Na verdade nem me lembro o que fiz. Eu lembro do noticiário, estacionamentos caindo e toda aquela coisa fria.
Eu tenho um problema quando eu fico sem aula- eu simplesmente não tenho mais nada para fazer da minha vida.
As vezes as coisas são um saco. As coisas são amargamente previsíveis, e as pessoas por sua vez, são terrivelmente imprevisíveis. Nesse momento eu me pergunto se estou escrevendo de acordo com a nova ortografia. De qualquer forma o café nunca me pegou de surpresa. Eu acredito que a grande diferença entre o café, as pessoas e as coisas é que o café perde suas propriedades originais quando você ferve a água, e as pessoas simplesmente não tem propriedades originais. E nem adianta colocar açúcar. E as coisas... bem, você não pode beber as coisas, né.
De qualquer forma, meu dia se extendeu. Até que eu resolvi sair. Antes de sair eu recebo conselhos sobre não morrer, não estar em engavetamentos, em tragédias, em dilúvios, em tiroteios e sobre não cometer crimes e como pode eu querer sair num chuvoso daqueles.
Tirei uma foto com o celular. Acordei não sabia onde. Eu sempre sou a menor, em todos os lugares que eu vou, em todos os sentidos. Por uma combinação do meu próprio tamanho com o fato de eu gostar de fazer coisas que não são pro meu tamanho.
Não sou homicida, mas é interessante o fato de que se você estocar uma faca no rim de uma pessoa, a vazão de sangue é tão grande que ela morre em 15 segundos. Segure ela pelo nariz e tape a boca antes de fazer o ataque.
Uma estocada na base do crânio a pessoa não tem nem tempo de emitir algum som.
Vivendo e aprendendo.
Continuei meu dia que ja era noite seguindo ao encontro de ninguém. Minha mãe comenta que a família não existe mais, resolvo sair com eles. Comer um hamburguer, uma pizza ou nada. Relatar paranóias. Beber coca-cola, reclamar da vida e as coisas de sempre que me fazem sentir mais viva.
A noite acaba de forma esplêndia, tão boa quanto Deus poderia fazê-la.
Não dormir, mas acordar as 6 horas da manhã. Andar, hesitar, tirar uma foto com o meu celular. A cidade parece mais bonita as vezes e fiquei imaginando como eu me sairia como uma sem-teto. Cheguei a conclusão de que não me sairia bem e iria cheirar mal.
Comprei crédito de celular e um livro. Tomei mais café, liguei para umas pessoas e ninguém atendeu. Acho que eu estava incomodando.
Acordei em casa na cama, cheia de hematomas e com a boca aberta, ainda de botas e gelada.